quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Arrogância e Desconfiança: Sobre o Valor da Ciência - Alberto Cupani

Arrogância e Desconfiança: Sobre o Valor da Ciência - Alberto Cupani

https://www.youtube.com/watch?v=FYUKygr2hLs

Resumo:

A atual onda de desconfiança que parece suscitar a ciência, tanto entre as massas como entre certos intelectuais, é a contrapartida da arrogância com que cientistas e outros intelectuais afirmaram (e ainda afirmam) o valor da ciência. Como é notório, a atividade científica foi defendida como a melhor forma de conhecer a realidade e, mediante a tecnologia, agir para transformá-la, graças ao caráter objetivo do conhecimento por ela produzido. Como é notório também, diversas críticas (principalmente de sociólogos, historiadores e filósofos) minaram essa convicção, mostrando que a ciência – também ela – é “humana, demasiado humana”. Na minha palestra me proponho a explicitar as alegações que fundamentavam aquela glorificação da ciência (um verdadeiro paradigma cultural), as principais observações dos críticos e as razões por que, ao meu ver, deveríamos continuar apostando em uma ciência melhor compreendida e, sobretudo, praticada.

Palestrante: Alberto Cupani: Natural de Córdoba (Argentina), radicado no Brasil desde 1978. Doutor em Filosofia pela Universidade Nacional de Córdoba, com pós-doutorado na França. Professor de várias universidades argentinas e no Brasil, da UFSM e a UFSC, onde se aposentou em 2013 como professor titular. Pesquisador do CNPq durante 20 anos. Autor dos livros A Crítica do Positivismo e o Futuro da Filosofia (1985), Filosofia da Tecnologia. Um convite (2011) e Sobre a ciência. Estudos de Filosofia da Ciência (2018).

domingo, 7 de junho de 2020

Cátedras, economia e política

"A academia não é neutra à natureza da pesquisa realizada, há uma dispersão qualitativa da informação circulante em instituições de ensino superior. As idéias circulantes são filtradas tanto pela qualidade (qual é sua "espécie") quanto pela sua extensão e sofisticação. Não há liberdade plena na produção de conhecimento nos primeiros degraus da burocracia acadêmica (sua produção depende da disponibilidade de um orientador) e nos últimos figuram apenas os positivamente selecionados pelo milieu. Uma cátedra será tão  ideologizada quanto houver aplicabilidade política, pois:

1. Se tratando de pesquisa pública é natural que sejam fomentadas as áreas que coadunem com o statu quo político. Existe uma quantidade finita de recursos (fornecidos diretamente ou como subsídio) que são captados e oferecidos a instituições universitárias. A competição de modelos teóricos, numa dinâmica de jogo de soma zero (haja vista que os recursos disponibilizáveis pelo governo são limitados), não se dá apenas pelo mérito das idéias. 

Sugiro um exercício imaginativo: digamos que determinado acadêmico queira se embrenhar num campo que implicaria na menor captação de verbas para a universidade. Qual seria resposta do meio (orientadores, avaliadores de banca, etc.) ao seu esforço: incentivo, neutro ou desincentivo? Replique esse exercício, mas agora para uma linha de pesquisa favorável ao regime vigente (e.g., marxismo e seus descendentes em humanas, falha de mercado em economia, importância de sistemas de saúde estatais em medicina, etc.)

2. Mesmo em instituições privadas e que não dependem diretamente de recursos públicos há um renome inerente em possuir um economista membro de organizações detentoras de poder político, implicando num processo de seleção similar ao do primeiro item.

Toma-se o que é implementado como o que é melhor em termos técnicos, mas as dinâmicas supracitadas acabam limitando qualitativamente o acesso à informação de um acadêmico  do mainstream econômico, exemplos desse tipo não são escassos."

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

The importance of stupidity in scientific research

https://jcs.biologists.org/content/121/11/1771

I recently saw an old friend for the first time in many years. We had been Ph.D. students at the same time, both studying science, although in different areas. She later dropped out of graduate school, went to Harvard Law School and is now a senior lawyer for a major environmental organization. At some point, the conversation turned to why she had left graduate school. To my utter astonishment, she said it was because it made her feel stupid. After a couple of years of feeling stupid every day, she was ready to do something else.