domingo, 29 de junho de 2014

Divulgação Científica nos editoriais da Superinteressante e Scientific American Brasil

Divulgação Científica nos editoriais
da Superinteressante e Scientific American Brasil
Ana Maria Cordenonssi, Franthiesco Ballerini, José Aparecido de Oliveira

Universidade Metodista de São Paulo

Resumo
Este artigo é parte de uma pesquisa explicativa, com metodologia comparativa entre textos da mídia segmentada, na perspectiva da Análise do Discurso da linha francesa, para analisar o discurso científico em editoriais de duas revistas especializadas de divulgação científica – Scientific American Brasil e Superinteressante. O recorte consiste das edições de janeiro, fevereiro e março de 2006. Serão analisados os editoriais vistos como gêneros jornalísticos de viés opinativo, a partir dos quais pretende-se verificar o modus operandi da linguagem nestes discursos, sobretudo os aspectos ideológicos e as escolhas lexicais na formulação discursiva e a forma como tratam o conteúdo da revista. Este estudo se ocupará também em avaliar, ainda que sucintamente, o modo como as duas revistas dialogam com seu público e avaliar o tratamento que ambas oferecem ao campo da divulgação científica.
Palavras-chave:
análise do discurso; intencionalidade; subjetividade discursiva; não-neutralidade; conhecimento científico;

1. Ciência – mistério que suscita interesse

Em um mundo, onde a ciência e tecnologia passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, a demanda por informações sobre Ciência e Tecnologia (C&T) se traduz no anseio das pessoas em acompanhar os progressos e os desafios da vida contemporânea: cercadas de objetos, aparelhos e serviços de tecnologia, as pessoas tornaram-se consumidoras não só de C&T, mas também de informações sobre C&T. Portanto, compreender as novas tecnologias de informação é fundamental para o jornalismo científico. “E se o jornalismo é ou deve ser reflexo da vida de cada dia, e esta se baseia em boa parte na ciência, parece claro conferir ao jornalismo científico um futuro carregado de interesse”, conforme Hernando (1990, p.17). A C&T está incorporada no cotidiano de tal forma que “a tecnociência insinua-se até em nossas maneiras de pensar (microcomputadores), de fazer amor (pílula anticoncepcional), de dar a vida ou de ir para a morte (bio ou tanatos tecnologia)”, nas palavras de Chrétien (1991, p. 17).
Esse interesse pode evoluir para compreensão mais profunda dos processos de produção de C&T e oferecer condições de envolver o cidadão comum nas discussões, o que remete à necessidade do jornalista científico dominar as questões políticas de C&T e que possam afetar a vida do cidadão comum, os impactos na economia, no meio ambiente, na qualidade de vida das pessoas e nos reais interesses existentes. A cobertura jornalística da C&T “exige uma mobilização permanente, (...) sob pena de nos vermos, jornalistas científicos, de mãos atadas para enfrentar os desafios da nova comunicação científica, que aproxima, de maneira vertiginosa, e muitas vezes sutil, informação e marketing, ciência e mercado, tecnologia e capital financeiro” (BUENO, web, 2001).
Contudo, Bueno (1984, p.61) adverte que o jornalismo científico não tem conseguido realizar sua função político-ideológica, principalmente nos países  função relaciona-se à identificação do jornalista científico com a sociedade em que vive: “O jornalista científico precisa escrever para seu povo, para o seu país, e não para fomentar a ganância dos que investem em C&T visando destruir os homens, os povos e a própria natureza”. Espera-se do jornalista, responsabilidade de apuração e informação, contato com fontes sólidas e compromisso ético, da mesma forma que se espera compromisso público dos pesquisadores e cientistas.
A cada dia é mais clara a não-neutralidade da teoria e da ciência, o que parece exigir dos cientistas tomada de posição ideológica e compromisso político. Assim, em locais, onde o subdesenvolvimento associado à dominação/dependência dificultam a transformação dos sistemas atuais, a alternativa política da teoria e da ciência deveria ser a de contribuir para a libertação social, econômica, cultural, política e tecnológica da sociedade e dos setores mais oprimidos e marginalizados (Bordenave, 1986, p. 110).
A difícil tarefa de transmitir ciência ao público leigo é e tem sido exercida não só por jornalistas, mas pelos próprios cientistas, educadores, autores de ficção científica, etc., que devem ter consciência do desafio de partilhar o conhecimento, mediante recursos lingüísticos, retóricos e visuais, para alcançar o grande público, (Epstein, 2001, p.253). A mediação entre especialistas e não-especialistas feita com escolhas lexicais e formações discursivas próprias (Fiorin, 2001, p.32), ganha destaque quando é preciso levar o debate científico ao grande público, pois nem só de declarações e feitos de cientistas se alimenta o noticiário sobre C&T (Belda, 2003, p.21).
Este artigo analisa os editoriais de duas revistas científicas, durante três meses, para verificar como estes veículos se posicionam frente às temáticas tratadas. Para tanto, foram escolhidas as revistas Superinteressante e Scientific American Brasil, de janeiro, fevereiro e março de  metodologia adotada é a Análise do Discurso de Linha Francesa da escola pós-estruturalista. O trabalho começa pelo histórico das publicações e por algumas considerações sobre o editorial. Logo após, está a análise dos editoriais em quatro tópicos: a) o diálogo com o público-alvo, b) função referencial X auto-elogios: a questão da credibilidade, c) operadores argumentativos e linguagem informal: a construção do editorial e d) a importância da Ciência nos editoriais das revistas.
2. Breve histórico das publicações
A revista Superinteressante surgiu em 1987, fruto de um acordo entre a editora Abril e o escritório espanhol da empresa Gruner & Jhar, responsável pelo projeto original da revista Muy Interessante, lançada com sucesso na Alemanha, Espanha, França, México, Colômbia, Venezuela, Equador e Argentina. O projeto preconizava uma publicação sobre cultura geral e curiosidades, que abrangia Ciências Físicas e Biológicas, Geografia, Sociologia, Psicologia, Zoologia, Tecnologia, Astronomia, Artes e temais atuais (Carvalho, 1996a).
A análise da Super feita por Dieguez (1996, p.29) mostra que a proposta é “revelar a ciência onde há dúvida, mistério e curiosidade, apresentando ao mesmo tempo a ciência como a aventura do conhecimento”. O mesmo caráter é confirmado por Carvalho (1996b), que destaca entre as características da Super o grande número de matérias de origem internacional e o uso da infografia (ilustrações para facilitar a compreensão e atrair a atenção do leitor), conforme Carvalho (1996a, p.75-76) “pois os infográficos de Superinteressante usam recursos de computação que possam proporcionar uma aparência mais próxima do real. O visual arrojado é mais um atrativo para conseguir capturar o leitor jovem buscado pela revista”.
Voltada para o público jovem, a publicidade da revista tenta se fixar em produtos que atendam a faixa etária de seu público, com espaço para produtos consumidos por estudantes universitários e colegiais. Embora tenha como público-alvo os jovens, a Super responde pela curiosidade dos pais que pagam a assinatura ou compram a revista nas bancas. Segundo Chaparro (1993), a Super alcançou, em seis anos, tiragem de 280 mil exemplares mensais, tornando-se o maior sucesso editorial brasileiro das últimas décadas, o que comprova a significativa demanda por informação científica com tratamento jornalístico.
A Scientific American Brasil é a versão brasileira da Scientific American, publicada pela Duetto Editorial, desde de junho de  A revista original surgiu nos Estados Unidos na esteira da revolução industrial. Era, no início, um jornal de patentes e invenções para um público ávido e maravilhado pelo desenvolvimento tecnológico. O primeiro número de Scientific American ("The advocate of industry and enterprise, and journal of mechanical and other improvements") circulou em 28 de agosto de 1845, com a redação principal  e sucursais em Boston e na Filadélfia. Com edições semanais, estava nas ruas "todas as quintas-feiras de manhã". Passados 161 anos, a revista acumulou reputação e credibilidade e espalhou-se por diversos países. A edição americana é referência mundial de divulgação científica.
Segundo o diretor geral da versão brasileira, Alfredo Nastari, em entrevista ao Observatório da Imprensa, entre as 20 edições internacionais, a edição brasileira ocupa o quarto lugar em difusão, somente atrás dos EUA, Alemanha e Itália, e já se desdobrou em outros títulos relacionados à divulgação científica: Edições Especiais Temáticas, História da Ciência, Gênios da Ciência, Exploradores do Futuro, Viver Mente & Cérebro, Memória da Psicanálise, Memória da Pedagogia e DVD Hubble. Segundo Nastari, o leitor da revista, nos 20 países onde circula, é principalmente o profissional com formação universitária, na faixa dos 49 anos, com interesse em C&T. A revista busca mostrar como o desenvolvimento científico gera novas tecnologias, bem como estas se transformam em negócios.
3. Editorial – Espaço de Contradições
Muito se tem debatido sobre os supostos ideais de objetividade, neutralidade e imparcialidade da imprensa, difundidos pelos manuais de redação das empresas jornalísticas. Contudo, os próprios manuais reconhecem a subjetividade do processo de produção da notícia, presentes desde a pauta à escolha das palavras para a construção do texto final. Nos produtos opinativos é perceptível o viés editorial dos veículos, cujos editoriais assumem a condição de formadores de opinião já na escolha dos fatos merecedores de destaque, que legitimam sua linha editorial. Nesse sentido, a linguagem exerce relevante papel na perspectiva de seus elementos subjacentes.
As publicações científicas são excelentes objetos de pesquisa nesse campo, uma vez que a linguagem científica é considerada complexa para a maioria dos leitores e é quando a manipulação ou a distorção de informações ficam mais susceptíveis de ocorrência. Por expressar a opinião do veículo de comunicação, o editorial reflete a coexistência de diversas forças, tais como interesses políticos e econômicos da empresa, ideologias e crenças de seu conselho editorial e dos demais jornalistas. Marques de Melo (1994, p.96) fundamenta este raciocínio: “O editorial afigura-se como um espaço de contradições. Seu discurso constitui uma teia de articulações políticas e por isso representa um exercício permanente de equilíbrio semântico. Sua vocação é de apreender e conciliar os diferentes interesses que perpassam sua operação cotidiana”.
Os editoriais se incluem na afirmação de que o processo de comunicação envolve a compreensão do sentido interno, do subtexto e do motivo por trás do texto. Segundo Luria (2001, p. 188), a profundidade da “leitura” (ou a descoberta do seu significado interno) difere de pessoa para pessoa. Esta relação entre comunicador e público é imprescindível porque o editorial dialoga com o leitor, portanto, não é uma recepção passiva. Pêcheux (1969) oferece uma boa reflexão sobre esta relação ao tratar sobre qual a imagem o jornalista faz de seu público e/ou que tipo de antecipação ele faz sobre a imagem que o público faz do jornalista e de si mesmo. Sob essa perspectiva é possível afirmar que a relação jornalista/leitor pressupõe uma relação intersubjetiva e com a própria linguagem, que permite refletir sobre o sujeito, linguagem e história.
4. Análise dos editoriais
Ao analisar os editoriais das duas revistas, depara-se com alguns pontos em comum e outros não, quanto ao discurso desse tipo de texto jornalístico e que, apesar de seus públicos distintos, traduz a opinião das revistas analisadas. Destacamos que uma das peculiaridades encontradas é a diferenciação dos editoriais destas revistas em relação aos editoriais de jornais. Segundo o Manual Geral de Redação do jornal Folha de S. Paulo, “editorial é o texto em que o jornal exprime de maneira formal suas opiniões. Nunca é assinado.” (FOLHA de S. PAULO, 1987, p.152).
Essa definição não encontra muita semelhança com a postura praticada pela Scientific e pela Super, uma vez que as duas revistas optam por textos assinados, cujo teor aponta mais para a remissão das matérias e talvez comentários extemporâneos, como é o caso da segunda. Nesse sentido, os editoriais das revistas citadas estão, de certa forma, de acordo com Marques de Melo (1994, p.104), que afirma que as revistas “recorrem às cartas dos editores, mais próximas daquilo que poderíamos chamar de merchandising jornalístico do que de expressões opinativas”
É possível perceber a intencionalidade das duas revistas de divulgação científica, embora façam uso de estratégias discursivas diametralmente opostas, em função talvez do público a que se dirijam, mas ambas apostam na manutenção da forma como são vistas por seus consumidores. Enquanto a primeira traduz a ciência com um apelo comercial, visual colorido, matérias curtas, estilo jovem de redação, leitores jovens e sensacionalismo, a segunda opta pelo reforço da tradicional oposição entre discurso especializado de ciência, próprio de especialistas, e o senso comum do público leigo.
Essa intencionalidade, tanto para perpetuar mitos de autoridade como para angariar consumidores, confirma a não-neutralidade da linguagem. O uso da língua é, assim, a função em determinado contexto, materialmente relacionado às intenções dos falantes, por isso, a intencionalidade não existe como uma condição “psicológica pura” para a existência do discurso (Chamarelli Filho, 2002).
A seguir, a análise comparativa dos editoriais dos dois veículos diante de subtópicos temáticos e a interpretação dos dados levantados.
4.1 O diálogo com o público-alvo
Nos editoriais, cuja produção pressupõe ponderações consensuais, é possível perceber que o tom de autoridade discursiva estabelece uma relação de cumplicidade com o leitor, o que é possível justificar com Maingueneau (2000, p.98): “Com efeito, o texto escrito possui, mesmo quando o denega, um tom que dá autoridade ao que é dito. Esse tom permite ao leitor construir uma representação do corpo do enunciador (e não, evidentemente, do corpo do autor efetivo)”.
            Na análise dos editoriais da Super e Scientific nota-se que o primeiro veículo apresenta constante diálogo com seu público-leitor, enquanto a Scientific prefere certo distanciamento e utiliza outros meios para dialogar com o leitor como, por exemplo, as funções referenciais, como se verá mais adiante. O editorial da Super de janeiro de 2006 começa assim: “Esta carta aqui veio do passado. Estou escrevendo em 2005 e você, leitor do futuro, está lendo em , cuja figura imagética coloca o leitor num plano mais avançado em termos temporais do que o próprio autor. Esta intencionalidade já é visível no próprio título “Está bom 2006?”.
O recurso de ficção literária leva o leitor a se colocar como participante da produção editorial, o que confirma a proposição de Koch (1995, p.12) de que na lingüística do discurso “o que se visa, então é descrever e explicar a (inter)ação humana por meio da linguagem, a capacidade que tem o ser humano de interagir socialmente por meio da língua, das mais diversas formas e com os mais diversos propósitos e resultados.” Maingueneau (1996, p.116) vai além ao explicar que  o processo requer o entendimento de “que o intercâmbio verbal como qualquer atividade social, repousa num ‘contrato’ tácito (que varia evidentemente de acordo com os gêneros de discurso)”.
  A estratégia de diálogo prossegue no mês de fevereiro, com o editorial que começa assim: “Quando o sol nasceu dia 13 de janeiro, alguns leitores da SUPER ainda não tinham ido dormir”. A revista utiliza, outra vez, um recurso estilístico próprio da literatura e o título do editorial “Vai dormir, leitor!” é um diálogo que flerta com o leitor, ora chamando sua atenção por meio da narrativa, ora levando-o a um procedimento de digressão, com vistas a enfatizar a edição anterior da revista e não a atual. O texto também já revela o público-alvo da revista, composto eminentemente por jovens. Neste sentido, é bastante plausível a afirmação de Belda (2003) e Zamboni (2001), em que há, por parte da mídia, uma apropriação social do discurso científico na medida em que o reformula segundo lógicas midiáticas em um discurso próprio.
O diálogo irreverente e informal continua, até com o uso do português coloquial “deixe eu”, afastando-se da norma culta da língua. O reforço à edição anterior marca a intencionalidade do redator, com tom de mistério no texto para despertar a curiosidade do leitor. Tais estratégias confirmam a não-neutralidade da linguagem, conforme Eni Orlandi (1983, p.107), para quem “o modo de funcionamento da linguagem não é integralmente lingüístico, uma vez que dele fazem parte as condições de produção que representam o mecanismo de situar os protagonistas e o objeto do discurso”.
            A subjetividade discursiva no editorial da Super reafirma a não-neutralidade da linguagem, evidenciada pelo emprego de pensamentos estereotipados, o que encontra respaldo em Barthes (1984, p. 34), quando diz que “o uso da linguagem e seus códigos não são práticas neutras. Se as palavras são sempre uma operação do pensamento, os signos e as palavras podem transmitir ideologias, pré-conceitos e pensamentos estereotipados.”
O editorial mantém o clima narrativo de mistério e alterna tensões e revelações na construção da interatividade com o leitor – este só teria conhecimento da ilustração da matéria se estivesse disposto a um jogo de gato e rato, cuja recompensa incluiria brindes designados de superprêmios. Estratégia de marketing ou apelo comercial, a experiência aguça o interesse do leitor pelas edições anteriores e o leva a interagir com a revista. A recorrência às edições anteriores, bem como às estruturas narrativas próprias de literaturas policiais, apontam para o caráter dialógico do discurso (Bakhtin, 1997).
A intenção de envolver o leitor da Super por meio do discurso, segundo o qual a equipe de produção da revista é citada com freqüência, ocupa o espaço que deveria trazer a opinião do veículo. Entretanto, os editoriais da Scientific traduzem no texto subjacente o viés editorial da revista, como por exemplo, a crítica implícita aos entraves que os princípios morais podem significar para o avanço do conhecimento científico.
Em fevereiro, a Scientific utiliza o tom de autoridade e aproxima o público-alvo não pelo diálogo explícito, mas através da credibilidade das informações colhidas: “Duas matérias da presente edição trazem comprovações científicas sobre hipóteses das quais se suspeita – ao menos em termos populares – há algum tempo”. Mais sisudo e próximo dos discursos de divulgação científica, o texto traz referências das principais chamadas de capa. A expressão “comprovações científicas” reforça a idéia de Coracini (1991, p.45), de que ocorre na ciência uma dominação “com relação ao grande público, que se atemoriza diante da terminologia incompreensível e da sabedoria mítica, provocando uma reação de inferioridade e admiração”. Esta dominação também pode ser vista na expressão “ao menos em termos populares”, destacada por travessões, em que o poder da ciência é o de comprovar ou não as suspeitas presentes no senso comum.
4.2. Função referencial versus auto-elogios: a questão da credibilidade
            As duas revistas usam estratégias bem diferentes para conferir credibilidade ao conteúdo interno. Enquanto a Scientific adota a função referencial nos editoriais, a Super prefere ganhar credibilidade ao falar do trabalho da equipe e do sucesso da revista, do esforço árduo de se produzir o conteúdo. Enquanto a ciência, que confere credibilidade à Scientific no primeiro plano do discurso, é usada apenas como instrumento secundário no editorial da Super, ou seja, primeiro vem o trabalho árduo da equipe, e depois os dados científicos importantes coletados: “Enfim, estamos acabando o ano com a certeza de que o sangue, o suor e as lágrimas de 2005 não foram em vão”.
  Um fragmento da Super, de janeiro de 2006, explicita bem esta estratégia: “Primeiro a revista está vendendo pacas.” A intenção é levar ao leitor a idéia de sucesso editorial associado às vendas, com as edições esgotadas como elementos de persuasão: “Maçonaria foi a 4a edição mais vendida dos nossos 18 anos de história.”. Aí aparece o orgulho pelo trabalho realizado, bem como a intenção de destacar que a revista tem 18 anos de existência. O uso do pronome possessivo “nossos” tem conotação de engajamento dos profissionais e traz implícita uma competição subjacente a cada edição: qual venderá mais? A intenção de se promover aparece na Super em “recebemos os resultados de uma pesquisa muito séria que a Editora Abril faz todo ano...” o editorial valoriza a pesquisa ao utilizar a palavra “séria” e já prepara o leitor para reconhecer como legítimo o resultado favorável à publicação e o argumento é o resultado.
Já a Scientific prefere fazer uso de dados referenciais para ganhar credibilidade junto ao público. O editorial de janeiro de 2006 começa informando o clima de turbulência na área científica ao se referir ao mês de dezembro como o “atípico”, o que prenuncia alguma alteração no rumo das ciências: “Passadas as glórias e as celebrações do laureado Prêmio Nobel, e antes que começasse o recesso de fim de ano, os meios de comunicação começaram a noticiar não-avanços ou conquistas na área científica, mas acusações e suspeitas”. O texto traz implícita a informação de que houve uma ruptura do avanço científico e estabelece como marco temporal o período entre a entrega do Prêmio Nobel e antes do recesso de fim de ano.
Essa influência do contexto no discurso foi tratada por Koch (1995, p. 14) ao citar a teoria da enunciação, na qual o postulado básico é de que “não basta o lingüista preocupado com questões de sentido, descrever os enunciados efetivamente produzidos pelos falantes de uma língua: é preciso levar em conta, simultaneamente, a enunciação”, isto porque as condições de produção (tempo, lugar, papéis de interlocutores, imagens recíprocas, relações sociais) constituem o enunciado.
O discurso prossegue em tom explicativo sobre o fato gerador dessa polêmica e, como se não bastasse a situação delicada do pesquisador, a revista, aparentemente de forma objetiva, reforça que ambas as práticas das quais ele é acusado são antiéticas, com a idéia subjacente de que a revista condena a atitude. Ao utilizar recurso temporal gradativo “pouco depois”, leva o leitor a pressupor mais escândalos desse cientista: “Pouco depois, a troca de acusações agravou-se, todo o trabalho de Hwang foi posto à prova frente às informações de que forjara os dados relativos à sua pesquisa.”
4.3. Operadores Argumentativos e Linguagem Informal: a construção do editorial
A comparação dos editoriais da Super e da Scientific pode ser feita também por meio do uso da linguagem. Aqui notam-se diferenças bem grandes entre os dois veículos. De um lado, a Super constrói seus editoriais o tempo todo com base em uma linguagem informal, utilizando jargões, clichês e gírias para apresentar o tom da revista. Do outro lado, a Scientific produz seus editoriais por meio do uso constante de operadores argumentativos que dão um tom informacional e sério ao texto.
      Já na Super, a elaboração do editorial se dá de forma bem diferente, como o de março: “As Tretas do Versi”, que deixa claro qual é o público alvo, ao optar por uma linguagem informal, cheia de gírias, para consumidores da ciência juvenil. Dedica-se a apresentar um novo jornalista, Alexandre Versignassi. Em vez de mostrar os trabalhos do profissional, a revista puxa o leitor pelas “tretas”, confusões que o rapaz teve em uma determinada viagem à Argentina e durante uma gravação no Programa do Jô.
O discurso é todo permeado por jargões populares que aproximam o leitor, como “até o Jô ele tretou”, “azar do gordo”, “maluco” e “grande abraço”. “Quem o conhece sabe que o sujeito é boa-praça, divertido, inteligente. O Jô nem conheceu esse lado – implicou com o Versi e não o deixou falar. Azar do Gordo.” Dessa forma, o editorial se sustenta nesses estereótipos de linguagem para que haja uma tentativa de aproximação com o público-alvo da revista. Do conteúdo da mesma edição, cita apenas a seção superrespostas e a matéria do astronauta Marcos Pontes. Mas aqui elas são citadas somente porque foram editadas ou produzidas pelo integrante da equipe.
Já a Scientific utiliza operadores argumentativos para deixar transparecer sua opinião, com argumentos em tom de autoridade sobre o assunto, como as acusações e suspeitas sobre o trabalho do ganhador do Prêmio Nobel, em que a construção demonstra aparente indiferença quanto a quem vier a finalizar os estudos. Ao utilizar o operador argumentativo “no entanto”, a revista explicita que apesar das acusações, não pode haver mais entraves na evolução da pesquisa com células-tronco.
            Outro fragmento com o operador argumentativo está no editorial da Scientific de fevereiro: “por enquanto, os testes só foram feitos em algumas espécies de mamíferos, principalmente ratos, mas os cientistas apostam na probabilidade de os efeitos do estrógeno...”. Mesmo se afastando da responsabilidade pelas descobertas científicas, ao enfatizar que os cientistas possuem apenas “probabilidades” para fundamentar suas hipóteses, o tom de autoridade permanece. Este recurso opõe argumentos enunciados de perspectivas diferentes, que orientam, portanto, para conclusões contrárias.
A mesma estratégia está em: “O alcance das transformações maternais ainda não está estabelecido, mas hoje se sabe que, com a experiência de ser mãe...” Os operadores argumentativos são ferramentas para contrapor as limitações da pesquisa científica e conduzem a conclusões desejadas São marcas de valor argumentativo e persuasivo, capazes de reforçar a autoridade e manter o fosso entre o discurso científico e o domínio do senso comum, reservado ao leitor comum. Conforme Gnerre (1998, p. 23), tais práticas “excluem da comunicação as pessoas da comunidade lingüística externa ao grupo que usa a linguagem especial, e, por outro lado, têm a função de reafirmar a identidade dos integrantes do grupo reduzido que tem acesso à linguagem especial”.
            O editorial da Scientific também pode ser analisado sob a ótica das idéias de Marcuschi (1998), para quem o texto é relatado com opiniões e a forma de detectar tais opiniões é por meio dos verbos introdutores de opinião. O uso de construções adverbiais na Scientific exime o editorialista de opinar, mas deixa a opinião da própria revista nas palavras de quem as emite, devolvendo a responsabilidade do dito ao próprio autor da opinião, como no trecho: “Para pesquisadores que lidam com lógica avançada, porém, a abordagem conjutista apresenta desvantagens, como a proliferação de conceitos supérfluos que correm o risco de ser guilhotinados pela navalha de ocam, princípio segundo o qual a resposta mais enxuta para um problema em geral é a mais correta.”
Outro ponto é que, nesta análise, também é possível identificar os dois tipos de enunciação definidos por Koch: o discurso e a história. Na Super, percebe-se o enunciado sob a forma de discurso, no qual o indivíduo (editor) se "apropria" da língua, instaurando-se como "eu" e, instaurando o outro como "tu", caracterizando coordenadas espaço-temporais. Já na Scientific, há o enunciado histórico, sem a presença do eu, relatando eventos passados (mesmo que num passado muito recente, como no mês passado), sem o envolvimento do locutor, "como se os fatos se narrassem a si mesmos".
Apesar das diferenças editoriais, em ambas as revistas a subjetividade discursiva nos editoriais é evidente e também reafirma a não-neutralidade da linguagem, evidenciada pelo emprego de pensamentos estereotipados. A intencionalidade é também corroborada pela noção das escolhas lexicais dos enunciados estudados. Embora tratem da divulgação científica, as duas revistas possuem estilos lingüísticos diferentes – uma opta pela norma culta da língua, enquanto que a outra não economiza em chavões, frases feitas, gírias e até desvios para expressões coloquiais. Tais escolhas, conforme assevera Possenti (1988, p.188), não são desvios da norma padrão da língua, mas estilos cujas escolhas lexicais ou sintáticas são de cada locutor em sua enunciação, deixando a marca da subjetividade no discurso para “realizar o objetivo que têm em mente”.
4.4. A importância da Ciência nos editoriais das revistas
As duas revistas têm, em comum, o fato de serem divulgadoras da ciência para os respectivos públicos-alvo, mas a importância da ciência não se faz presente da mesma maneira nos editoriais de cada uma delas. A Super praticamente não faz menção à importância do estudo científico nos editoriais analisados, apenas se limita a reforçar o fato de que os dados científicos foram muito bem trabalhados pela equipe, conforme explicado no item 4.2. e no trecho a seguir: “Enfim, estamos acabando o ano com a certeza de que o sangue, o suor e as lágrimas de 2005 não foram em vão”.
            Já a Scientific reforça o tempo todo a importância da ciência, dos estudos e dos avanços científicos, como no editorial sobre o potencial de cura das células-tronco e faz uma crítica velada aos debates já divulgados quanto às questões éticas: “Ao redor do mundo cientistas debruçam-se sobre suas bancadas de trabalho à procura de informações sobre essas células e seu suposto potencial de cura”. O tom de lamento do texto mostra a valorização da ciência ao afirmar que o caso não pode ser pretexto para interrompê-la por quem vê a pesquisa do ponto de vista moral. Esse encadeamento de idéias comprova a proposição de Luria (2001, p. 190), de que a enunciação não é mera justaposição de frases: “se a comunicação fosse somente uma cadeia de frases isoladas e se não existisse a ‘influência dos sentidos’ (o enriquecimento do sentido da frase seguinte pelo sentido da anterior), a compreensão de todo texto seria impossível”.
O discurso defende a pesquisa, com ressalvas de respeito aos princípios éticos já estabelecidos socialmente. “Seria um retrocesso de conseqüências nefastas se o caso isolado de Hwang fosse levantado como bandeira por aqueles que se colocam, moral e não cientificamente, contra o avanço desses estudos”. A crítica aos obstáculos morais nas pesquisas de células-tronco, sem que os mesmos sejam explicitados, pressupõe que o leitor já os conheça e estabelece uma relação de dominação, em que se pretende convence-lo da importância do estudo. Segundo Coracini (1991, p. 45): “Na ciência essa dominação também ocorre, não com relação ao interlocutor-especialista, mas com relação ao grande público que se atemoriza diante da terminologia incompreensível e da sabedoria mítica, provocando uma reação de inferioridade e admiração”.
      O editorial de março da Scientific tenta convencer o leitor da importância das matérias e das pesquisas científicas citadas, ao contrário da Super, que não usa o editorial para falar do conteúdo da revista. A ciência na Scientific é legitimada por argumentos dos cientistas que se unem em um discurso pró-avanço das pesquisas e mesmo quando há opiniões conflituosas sobre um tema, há consenso sobre a importância de tal estudo. “Na pesquisa científica, não há disputa de interesses. Portanto, os argumentos são sempre explicitados com clareza e sujeitos a críticas (pretendendo ser para o bem). Na ciência, a experiência exposta em discurso deve ser testada, reavaliada, e até reformulada. Erros e falhas é que impulsionam a ciência.” (CORACINI, 1991, p. 49).

5. Considerações finais

A subjetividade, a não-neutralidade e a intencionalidade discursivas, bem como a responsabilidade social do jornalista científico ao divulgar C&T são princípios básicos para a compreensão mais profunda do jornalismo científico, sobretudo quando o assunto é polêmico e envolve o cidadão comum.
As estratégias discursivas, como o diálogo com o público-alvo, operadores argumentativos, linguagem informal, adoção de referenciais científicos e auto-elogios, mais que elementos constitutivos do estilo da linguagem persuasiva de cada revista, dissimulam os reais interesses das publicações, entre eles a credibilidade do veículo e a importância dada à Ciência. Marcuschi (1998, p.112) respalda esse raciocínio: “As estratégias jornalísticas para relatar opiniões não são uma mera questão de estilo, pois as palavras são instrumentos de ação e não apenas de comunicação. É muito difícil informar sem manipular, por melhores que sejam as intenções. Saber o que alguém diz é penetrar em profundidade naquilo que ele não disse.”.
O editorial, por refletir a co-existência de diversas forças, tais como interesses políticos e econômicos, ideologias e crenças, deve ser entendido como um processo de comunicação que requer a compreensão do sentido interno, do subtexto e do motivo por trás do texto. E também, por carregar a opinião do veículo, deve ter como prerrogativa estimular o espírito crítico do leitor. Contudo, tem se revelado em instrumento para legitimar valores culturais de determinadas visões de mundo. A revista Scientific utiliza como argumentos fatos que possam reafirmar seu discurso pró-avanço da ciência, enquanto a Super usa argumentos para persuadir o público de que é um sucesso editorial incontestável. Não que a revista não tenha méritos, mas os fatos contemplados nos editoriais buscam a legitimação do próprio sucesso. 
De qualquer forma, a divulgação do conhecimento científico não pode se restringir aos paradigmas ideológicos, seja da perspectiva política, econômica ou religiosa, nem a um grupo de elite, nem tampouco servir apenas aos interesses comerciais, mas deve ser propagada de forma democrática. Defendemos que a socialização do conhecimento científico, independente do público a que o veículo se destina, deve ser feita com responsabilidade sem discursos auto-elogiosos, mas que possa contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, na qual o direito à informação, científica ou não, seja respeitado.


[1] Trabalho apresentado no TLC Seminários de Temas Livres em Comunicação, da Intercom e orientado pela  Profa. Dra. Elizabeth Moraes Gonçalves
[2] Ana Maria Cordenonssi: doutoranda   pela Universidade Metodista de São Paulo, professora do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) desde 1993 e mestre em Educação pela Unimep, anamcor@terra.com.br 
Franthiesco Balerini-   mestrando  pela Universidade Metodista de São Paulo. Jornalista, repórter de cinema do Grupo Estado (Jornal da Tarde), franthiesco@yahoo.com.br
José Aparecido de Oliveira – mestrando  pela Universidade Metodista de São Paulo, aparece@uol.com.br


quarta-feira, 25 de junho de 2014

Why Government Science is Wasteful | Terence Kealey

Why Government Science is Wasteful | Terence Kealey


https://www.youtube.com/watch?v=wzvr2Co-S5s


Lecture presented by Terence Kealey at the fifth annual conference of the Property and Freedom Society. Event held June 3-7, 2010 at the Hotel Karia Princess in Bodrum, Turkey.http://propertyandfreedom.org

© 2010 The Property and Freedom Society. Video shot and edited by Sean Gabb and uploaded onto Youtube by LibertyInOurTime with the written permission of Sean Gabb and Hans-Hermann Hoppe.

The Myth of Science as a Public Good

The Myth of Science as a Public Good (by Terence Kealey)


https://www.youtube.com/watch?v=C_PVI6V6o-4




More videos on intellectual property:http://vforvoluntary.com/intellectual...

Buy 'Sex, Science & Profits | by Terence Kealey':http://www.amazon.com/gp/product/0099...

Vice Chancellor of the University of Buckingham (Britain's only independent university), Terence Kealey is a vocal critic of government funding of science. His first book, 'The Economic Laws of Scientific Research,' argues that state funding of science is neither necessary nor beneficial, a thesis that he developed in his recently published analysis of the causes scientific progress, 'Sex, Science and Profits.' In it, he makes the stronger claim that not only is government funding not beneficial, but in fact measurably obstructs scientific progress, whilst presenting an alternative, methodologically-individualist understanding of 'invisible colleges' within which science resembles a private, not a public, good.

Recorded at Christ Church, University of Oxford, on 22nd May 2009.

http://oxlib.org.uk/

http://oxlib.blogspot.com/2009/05/myt...

POSTED WITH PERMISSION FROM THE OXFORD LIBERTARIAN SOCIETY

    domingo, 15 de junho de 2014

    Notas preliminares sobre financiamento à pesquisa no Brasil

    Notas preliminares sobre financiamento à pesquisa no Brasil

    https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&cad=rja&uact=8&ved=0CEYQFjAD&url=http%3A%2F%2Fwww.revistas.usp.br%2Frevusp%2Farticle%2Fdownload%2F13584%2F15402&ei=hc-dU83xNqPQsQTAs4CACQ&usg=AFQjCNGXFNm4KuUZ4XLqe9zWH0ZNdAq20w&sig2=t59Q03mRCkEsWsLtCXj_eg&bvm=bv.68911936,d.cWc

    PAULA D. MELCOP
    é assessora vinculada à
    Academia Brasileira de
    Ciências.

    Escrever sobre financiamento à pesquisa
    no Brasil é um imenso desafio, pois as
    análises ideológicas excedem, em muito, as
    informações factuais. Este artigo pretende
    contribuir para a transição entre o debate
    discursivo e as análises críticas de dados.
    Compete às universidades de pesquisa e
    às academias papel central nessa transição
    uma vez que, ao menos em tese, essas instituições podem
    fornecer contribuições sobre fi nanciamento à pesquisa e
    implicações sociais que tenham, como ponto de partida,
    realidades objetivas. A obtenção de dados sobre fi nancia-
    mento à pesquisa no Brasil não é um assunto trivial, até nas
    instituições que as apresentam publicamente. Os problemas
    surgem quando se pretende investigar, por exemplo, as
    contribuições públicas e privadas investidas em pesquisa
    numa universidade, desagregadas por unidade ou por área
    do conhecimento, ou quando se comparam fontes dife-
    rentes dos mesmos dados. O Brasil vem construindo uma
    matriz de fi nanciamento bem diferenciada e é premente a
    construção de um observatório de fi nanciamento à pes-
    quisa no qual os dados possam ser validados, integrados
    e compartilhados para estudo, análise e formulação de
    políticas públicas. Destarte se deve reconhecer que exis-
    tem poucos países no mundo onde as informações sobre
    fi nanciamento à pesquisa são, ao mesmo tempo, confi áveis,
    consistentes e públicas. No Brasil, como em muitos outros
    países, a pesquisa se realiza, sobretudo, nas universidades.
    Assim, particularizando, apresentamos alguns dados sobre
    fi nanciamento à pesquisa na Universidade de São Paulo,
    instituição que, na visão de alguns autores, tem o potencial
    de se transformar numa universidade de classe mundial 1 . A
    partir desse exemplo assinalamos, fi nalmente, a importância
    das universidades de classe mundial no país.

    Teoria Semiótica do Texto

    Livro digitalizado: Teoria Semiótica do Texto

    http://copyfight.me/Acervo/livros/BARROS,%20Diana%20Luz%20Pessoa%20de%20-%20Teoria%20Semiotica%20do%20Texto.pdf

    Financiamento de pesquisa


    http://www.dwih.com.br/index.php?id=77&L=1

    Financiamento de pesquisa

    O esquema de financiamento da pesquisa no Brasil pode ser diviidido em sete diferentes sistemas. As quatro primeiras linhas de financiamento estão relacionadas direta ou indiretamente aos ministérios brasileiros enquanto as três últimas se relacionam ao financiamento de iniciativa privada, oriundo de empresas e do setor industrial:

    1. Financiamento institucional

    O principal fundo para o financiamento de pesquisa nas instituições universitárias e de educação superior é o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Seu orçamento para 2008 foi de R$ 2,63 bi., incluindo o orçamento da agência de inovação FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e da agência de pesquisa CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), além de outras instituições e unidades ministeriais. Embora o FINEP gerencie os recursos do FNDCT e receba um fundo adicional para seus próprios programas de inovação, a principal fonte de recursos para a pesquisa é ainda o CNPq.  O financiamento institucional também é feito pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) através de seus próprios institutos de pesquisa.[1]

    2. Financiamento indireto - através do orçamento de universidades públicas e privadas, institutos e centros

    Algumas universidades como, por exemplo, a UNICAMP, possuem suas próprias agências, fundações (ex.: Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP, FUNCAMP) e fundos separados, que são geridos com o propósito de apoiar suas faculdades e estudantes no que tange à P&D&I. Geralmente, essas agências não possuem orçamento próprio para o financiamento de pesquisa, recebendo seus fundos de agências mantenedoras (CNPq, FINEP, etc.).

    3. Financiamento voltado para projetos

    O CNPq, a mais antiga agência científica do país, é um instrumento de financiamento de pesquisa do MCT, responsável pelo financiamento de projetos. O financiamento para projetos é distribuído entre dois programas:[2]
    1. Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Pesquisa - programa de financiamento direto para concessão de bolsas individuais, principalmente. Em 2008, foram concedidas quase 59.000 bolsas.
    2. Programa de Expansão e Consolidação do Conhecimento Científico e Tecnológico  – programa relacionado ao financiamento de grupos e projetos. Em 2006, foram financiados quase 2.600 projetos.

    4. Financiamento setorial

    O MCT, FINEP e CNPq são os responsáveis por decidir quais os setores com necessidades especiais que serão financiados. Em casos especiais, o financiamento pode ser realizado através de solicitações, conforme determinado pelos Comitês Gestores. Com exceção do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL), gerido pelo Ministério das Comunicações, os recursos dos demais Fundos são alocados no FNDCT e administrados pela FINEP, como sua Secretaria Executiva. Os Fundos Setoriais foram criados na perspectiva de serem fontes complementares de recursos para financiar o desenvolvimento de setores estratégicos para o País. Em 2008, os financiamentos atingiram quase R$ 490 milhões - mais que o dobro em relação a 2007. [3]
    Há 16 Fundos Setoriais, sendo 14 relativos a setores específicos e dois transversais. Destes, um é voltado à interação universidade-empresa (FVA – Fundo Verde-Amarelo), enquanto o outro é destinado a apoiar a melhoria da infra-estrutura de ICTs (Infra-estrutura). [4]
    • Fundo Setorial Audiovisual
    • CT-Aeronáutico 
    • CT-Agro
    • CT-Amazônia
    • CT-Aquaviário 
    • CT-Biotec
    • CT-Energia
    • CT-Espacial
    • CT-Hidro
    • CT-Info
    • CT-Infra
    • CT-Mineral
    • CT-Petro
    • CT-Saúde
    • CT-Transporte
    • Funttel
    • Verde-Amarelo (Universidade-Empresa)
    Diagrama do fluxo de financiamento dos fundos setoriais
    Fonte: UNESCO Sistemas nacionales de ciencia, tecnología e innovación em América Latina y el Caribe 2010[5]

    5. Empresas privadas dos setores industrial, comercial e de serviços

    Fundos  de seus próprios centros de P&D&I ou através de algum incentivo fiscal (leis de isenção fiscal) como a  Lei da Informática), a  Lei da Inovação) e a  Lei do Bem).

    6. Fundações e associações nacionais privadas e com fins não-lucrativos

    Fundos via mecanismos legais ou doações de particulares ou empresas.

    7. Financiamentos oriundos de outras organizações nacionais e internacionais e institutos multilaterais

    A Fundação Rockefeller, Fundação Ford, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Mundial, UNESCO, UNDP, Organização Mundial da Saúde, World Wildlife Foundation, Fundação Kellogg, Fundação Bill & Melinda Gates, US National Science Foundation e Fundação Volkswagen são apenas apenas alguns dos mais importantes nomes na história da tecnologia e ciência do Brasil.

    sábado, 14 de junho de 2014

    Um fazer persuasivo - o discurso subjetivo da ciência

    Livro digitalizado on-line.

    http://www.institutoveritas.net/livros-digitalizados.php?baixar=55


    Sinopse - Um fazer persuasivo - o discurso subjetivo da ciência - Maria José Coracini

    O discurso subjetivo da Ciência. O discurso científico é subjetivo? Essa é a questão central que a autora debate neste livro, produto de suas pesquisas apresentadas como tese de doutorado. A reflexão da autora vai além do puramente linguístico, trazendo nova contribuição em diferentes áreas da ciência.

    Um fazer persuasivo - o discurso subjetivo da ciência - Maria José Coracini

    Dialogismo e Alteridade no Discurso Científico



    http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/Ano2-Volume2/linguistica-artigos/Dialogismo_e_Alteridade_no_Discurso_cientifico.pdf


    Dialogismo e Alteridade no Discurso Científico



     Gerenice Ribeiro de Oliveira Cortes1
     (UESB)



    Resumo:
    Partindo dos pressupostos bakhtinianos de que a interação verbal e o
    dialogismo são princípios constitutivos da linguagem humana, este
    ensaio busca analisar em que medida o dialogismo e a alteridade figuram
    e se configuram o/no discurso científico, por ser este, na tradição
    racionalista, concebido como "neutro" e objetivo. Argumenta, com base
    em Bakhtin, que, embora o monologismo seja um aspecto necessário ao
    fazer científico – momento de exotopia ou abstração teórica –, o ato da
    criação científica, que se traduz em discurso, só vai adquirir a sua
    plenitude quando entrar em comunhão com a dimensão dialógica da
    linguagem, a qual não existiria sem a presença do outro.

    Palavras-chave: Dialogismo; Alteridade; Discurso científico.